25 de novembro de 2011

Estrategia Final


Eu não estou com medo. 
 Não estou. Embora eu devesse estar, embora eu me obrigasse a estar.
 Frio. Está tão frio.
E então o som impetuoso de uma risada. De principio, achei inadequado. Quem riria em uma situações daquelas? Logo, entendi a graça. A razão não era realmente óbvia. Era o simples fato que a vida era engraçada. Passamos bons anos nos importando com coisas insignificantes, sofrendo por motivo irrelevantes e chorando pelo tudo e pelo nada. Durante a vida, tudo soa como o fim dos tempos. Mas, agora, nada daquilo significou nada. Eu estava sozinha agora.
Sozinhos. Vamos todos acabar sozinhos.
Eles iriam sentir minha falta. E isso me alegrou. Pensei em quantas pessoas chorariam sob meu corpo adormecido. Em um sono que acordar estava fora de cogitação. Iriam se lamentar por mim. Uma pena eu não poder estar lá para ver. Uma pena, realmente. Tenho certeza que vendo tudo como estava, eu iria sorrir, satisfeita. Alguma coisa valeu a pena afinal.
Respiração. Não posso respirar.
E então, eu seria esquecida. Os poucos que se lamentariam por mim logo partiriam também. A minha carne apodreceria, meus ossos virariam pó. Nunca quis ser eterna. Nunca quis lutar. Queria apenas uma explicação, uma justificativa. Por que eu? Logo eu.
Morrer. Eu iria morrer.
E essas foram as últimas coisas que passaram na minha cabeça.

23 de novembro de 2011

Mudança



As coisas, mudaram, não? Eu posso me lembrar daqueles tempos. Mesmo que toda essa loucura tenha ocorrido há apenas poucos meses, é como se anos luz tivessem emergido entre nós dois. Eu sinto sua falta. É claro. E, ao mesmo tempo, gosto das coisas como estão. Eu gosto de poder rir e chorar, escrever e apagar - gosto de poder viver sem me sentir presa. Principalmente, de não me arrepender de atos precipitados, de palavras mal colocadas, de uma humilhação constante. Gosto de como tudo está. É claro. Ás vezes, você realmente faz falta. Eu nunca fumei, mas já ouvi relatos que, quando você quer parar com o vício, tem recaídas. Necessidades loucas de apenas uma tragada. Exemplo horrível, eu sei, porém é assim com você. Eu quero apenas ouvir sua voz, sentir seu cheiro. Apenas uma vez, e pronto. Embora todo fumante deva afirmar; vença as recaídas e logo estará livre uma vez de seu vício. Talvez eu esteja apenas com medo de me desapegar, com medo de me sentir de outra forma. Afinal, as coisas mudaram.

7 de novembro de 2011

Promessas

Não, não era a primeira vez que eu me sentia assim. Embora não tenha sido pelos mesmo motivos, os sentimentos são os mesmos. Talvez essa abstinência de você tenha me provocando tantos efeitos colaterais. Talvez - apenas talvez - eu não precise de mais nada disso. Eu não preciso da beleza contida nas vidas, na delicada força que existe no amor, no simplório ato que existe em uma declaração. Não preciso de nada disso. Quanto mais eu adio o momento, mais próximo ele fica de mim. Quanto mais eu me distancio de ti, mais perto fico do envolto gélido da Morte. De uma memória que parece ter infinito quilômetros de distancia, eu jurei nunca provocar o impacto. Sim, eu jurei nunca provocar a minha travessia  Promessas são assim; se esvaziam com o tempo.